Civilização Mesopotâmica

http://www.suggestkeyword.com/
A Mesopotâmia é um vale aluvial sulcado pelos rios Tigre e Eufrates, que correm quase paralelos. Ambos os rios nascem nas regiões montanhosas da Arménia, donde correm para as planícies mesopotâmicas, para depois seguirem dois trajetos, novamente, paralelos na direção NO-SE, desaguando no golgo Pérsico. Apesar de, agora, estes rios desaguarem por um leito único, o Shat-El-Arab, estes rios, durante a antiguidade, tinham a sua foz independente. Tal facto deve-se à acumulação de aluviões no fundo do golfo pérsico, que provocaram o assoreamento do mesmo, transformando numa só, a foz destes dois rios.
O Tigre e o Eufrates são os responsáveis pelo oásis que é a Mesopotâmia. De facto esta região foi privilegiada relativamente às suas áreas circundantes. A norte, e de leste a oeste faz fronteira com as regiões montanhosas de Elam, os montes Zagros e a Arménia, a sul confina com o deserto da Arábia.
A civilização mesopotâmica teve origem na Baixa Mesopotâmia, no IV milénio anterior à nossa era. Neste território, reuniram-se diversas populações que fugiam da seca e encontraram aqui, literalmente, um oásis no meio do deserto. À medida que as calotas glaciares recuaram, o clima tornou-se gradualmente mais seco, e às pradarias, sucedeu o deserto. Os vales férteis entre estes dois rios foram o refúgio e ponto de encontro das várias populações que aqui emergiram e propiciaram a formação das primeiras sociedades históricas.
Sabemos que os sumérios, não foram os primeiros a chegar e a estabelecerem-se nesta região. As populações pré-estabelecidas são designadas pelo nome de assiânicas.
Os sumérios chegaram à zona da foz do Tigre e do Eufrates no período de Uruk, uns 3500 anos, antes da nossa era. Foi no período de Uruk que apareceram, pela primeira vez uma serie de elementos de cultura material característicos da cultura suméria, por exemplo as chancelas cilíndricas e, principalmente, a escrita, que vai surgir por necessidades administrativas[1].





[1] Naquet, P. V- & Bertin, Jacques Atlas Histórico: Da Pré-História Aos Nossos Dias, Lisboa Ed. Círculo dos Leitores.

As cidades eram organizadas como senhorios eclesiásticos. O poder está a cargo do En (Ensi, ou Patesi), sacerdote-senhor, e o templo exerce a função de centro de actividade política e económica. No entanto, este sistema foi-se destruindo, cedendo, gradualmente, o lugar ao poder militar[1]. O templo dá lugar ao palácio e o sacerdote cede o seu lugar de líder político ao lugal (senhor/chefe militar)
“Nas primeiras organizações urbanas da Baixa Mesopotâmia o templo do deus principal da cidade era o centro político e económico da cidade-Estado; mais tarde, a partir do período proto-dinástico Illa (c. 2600-2500 a. C.), e talvez até já um pouco antes, apareceu o palácio como residência do governante da cidade e separado do complexo. Em pouco tempo, o palácio tornou-se o centro da vida social, política e económica da cidade-Estado, embora os templos continuassem os grandes proprietários das terras cerealíferas.” [2]




[1] Diakov. V & Kovalev, S. História da Antiguidade Oriental. Porto. Ed. Arcádia Limitada
[2] Bouzon, E. O templo, o palácio e o pequeno produtor na baixa Mesopotâmia Pré-Sargónica Publicado por: Instituto Oriental da Universidade de Lisboa URL:http://hdl.handle.net/10316.2/24373 Acedido a: 17-Jun-2015 09:36:37


A primeira povoação da Mesopotâmia foi descoberta em Tell-Hassun e data do V milénio.[1] Aqui se instalaram os primeiros produtores (cultivadores e criadores). A população antiga do Sumer era matriarcal (atestam as inúmeras estatuetas de argila de figuras femininas encontradas), vivia da pesca; agricultura à picareta; criação, e já fabricava algum artesanato de cerâmica e cobre. Viviam nos lugares mais protegidos e inacessíveis e ainda não existia diferenciação e desigualdade social (ainda não tinha aparecido a especialização do trabalho), como comprova o modesto mobiliário fúnebre, onde não se vislumbra qualquer tipo de diferença social[2].


[1] Presedo, F. J. (2003) Egito: O Império Antigo. In Grande História Universal, As Grandes Civilizações II (599- 631) Alfragide Ed. Ediclube.
[2] Diakov. V & Kovalev, S. História da Antiguidade Oriental. Porto. Ed. Arcádia Limitada

http://www.scienceandsociety.co.uk/
Para saberes mais sobre esta casa suméria "clica" aqui: Modelo de Uma Casa Suméria

Os Trabalhos Comunitários


A construção de obras de irrigação aumentou consideravelmente, as forças produtivas, garantindo, também, a rega sistemática dos campos, ao mesmo tempo que impedia o solo de se tornar pantanoso. Os excedentes de água eram encaminhados de pontos submersos para reservatórios ou tanques. No tempo seco, esta água era reencaminhada para os campos através de canais. Para preservar da inundação as terras baixas, construíram-se diques. Estes esforços implicavam um trabalho comunitário, e cada vez mais organizado. O desenvolvimento posterior das forças produtivas (de quem trabalhava) levou ao desaparecimento do regime comunitário e lança as bases para a formação de grupos, estratos sociais.[1]

[1] Bouzon, E. O templo, o palácio e o pequeno produtor na baixa Mesopotâmia Pré-Sargónica Publicado por: Instituto Oriental da Universidade de Lisboa URL:http://hdl.handle.net/10316.2/24373 Acedido a: 17-Jun-2015 09:36:37

Para saberes mais sobre a importância da água para esta civilização consulta a página deste blogue com o título : A Água nas Civilizações Mesopotâmica e Egípcia


Breve História das Cidades Mesopotâmicas

Os sumérios chegaram à zona da foz do Tigre e do Eufrates no período do apogeu da cidade de Uruk, uns 3500 anos, antes da nossa era. Foi no período de Uruk que apareceram, pela primeira vez uma serie de elementos de cultura material característicos da cultura suméria, por exemplo as chancelas cilíndricas e, principalmente, a escrita, que vai surgir por necessidades administrativas[1].

O período proto-dinástico recente anuncia os tempos heroicos da Suméria, da cidade de Kish, cuja primeira dinastia teve vinte e três reis e reinou durante aproximadamente, vinte e quatro mil quinhentos e dez anos. Sucedeu-lhe a I dinastia da cidade de Uruk e é nesta fase que assistimos à crescente militarização do poder político. Gilgamesh faz parte desta dinastia, mas é Mebarasi, rei de Kish, que irá deter, pela primeira vez na Suméria, o título de lugal.[2] É nesta mesma cidade que se construirá o primeiro palácio real independente do templo. As monarquias começam, gradualmente, a militarizarem-se, e as rivalidades existentes entre os muitos monarcas das diversas cidades estado mesopotâmicas, vão acender a corrida, não ao armamento, mas à defesa das cidades. Apesar das relações entre cidades-estado, serem essencialmente bélicas, a paz também existiu, e, neste contexto, importantes trocas e delineações culturais vão ser realizadas. Durante as primeiras dinastias históricas vamos assistir a uma crescente influência cultural da Mesopotâmia nas zonas vizinhas, após a conquista de Elam, por Kish. Esta nunca mais voltará ao seu estado inicial, sofrendo as influências mesopotâmicas e levando-as aos espaços em volta. A Síria é também um bom exemplo e o império Ebla, se existiu e se transformou em potência, ainda que, rapidamente, foi devido às importantes influências, das duas potências já existentes, a Mesopotâmia e o Egito (bem como as guerrilhas entre cidades que as enfraquecia, tornando-as vulneráveis).
Akkad é a região imediatamente a norte da Suméria, onde muitos povos semitas se instalaram e vai ter um papel fundamental na unificação, inicial, dos múltiplos estados mesopotâmicos, com a fundação do Império Acádico.
O fundador do império Acádico foi Sargão, que curiosamente, tem a mesma sorte que Moisés, também ele encontrado num cesto à deriva, mas desta vez, no Eufrates. Vai ser protegido da deusa Ishtar que o introduziu na corte do Ur-Zababa, rei de Kish, exercendo funções de escanção. Após se revoltar contra este rei, abandona a corte e vai erigir, (talvez, nos arredores de Kish, não se sabe a localização concreta) a sua capital, Akkad.[3]
Pela primeira vez, a Mesopotâmia na sua totalidade, era concebida como uma unidade política, sendo necessário governar através de um governo central, um estado único, e esta será a grande vitória política de Sargão, o seu fundador.
Pela primeira vez, um estado mesopotâmico dominava de uma maneira estável as regiões do Oriente a Ocidente, Sargão podia-se intitular, rei da Suméria e de Akkad[4]. Sargão vai centralizar o poder, substituindo a aristocracia das cidades-estado pela burocracia, através da concessão de títulos (anteriormente dos monarcas), aos governadores da sua esfera de influência. Sargão vai secularizar, progressivamente, a propriedade da terra (nas mãos dos sacerdotes), e beneficiar o incremento do comércio (a unificação permite a livre circulação de mercadorias em todo o território) e das atividades artesanais nas cidades. Estas medidas, para além de revolucionárias, vão ser altamente criticadas, pois põem em causa os privilégios de um estrato social, que anteriormente possuía o poder político, vão colocá-lo numa situação de grande fragilidade. Os sucessores são ambos seus filhos: Rimush e Manishtusu, que vão ser assassinados, sucedendo-lhes o filho deste último, Naram-Sin, que teve de enfrentar coligações de vintes reis[5], que ganhou, assumindo-se como o “Rei das Quatro Regiões[6]”, reforçando o seu poder e divinizando-o, facto inédito nesta região. Mas os problemas já se começavam a fazer sentir dentro do Império Acádico, os povos montanheses, vindos do Zagros, ameaçavam as fronteiras. O seu filho e sucessor, Shar-kali-Sharri, viu-se a braços com várias ameaças, vindas do exterior, mas também, dentro do Império. As várias cidades cada vez mais se tornavam independentes face ao poder imperial.
Apesar de breve, o Império Acádico teve consequências decisivas na vida e na economia mesopotâmicas. 
O período neo-sumério vê florescer outra cidade, Uruk e com esta, a instauração do Império de Ur, por Ur- Namnu. Utu-Hegal é o único representante da V dinastia de Uruk, segundo os roles reais[7], e numa campanha rápida, põe fim ao poder dos gútios, vencendo o seu chefe, Tirigan, expulsando os bárbaros e libertando a Mesopotâmia. No entanto, também este se declara “Rei das Quatro Regiões”, clarificando assim, os seus objetivos políticos, A ação política deste foi, rapidamente, acompanhada por uma reativação da economia, e por um renascimento cultural, que será continuado pelo império de Ur por Ur-Nammu governador desta cidade, que transferirá o estado para Ur, fundando a III dinastia de Ur. Ur-Namnu conduzirá importantes trabalhos agrícolas e abertura de canais de rega; construção de fortificações; obras de embelezamento e, promulgará um código de justiça, do qual pouco se sabe, mas que foi inédito na Mesopotâmia. Shulgi vai suceder ao pai, fortalecendo o império de Ur, também este se divinizará, como os reis de Akkad. O seu reinado vai adotar algumas medidas administrativas, como a reforma do sistema de pesos e a reorganização do exército e também políticas internacionais. Shulgi lutou com armas, mas também com a palavra. Este rei usou a diplomacia, em vários momentos de clara negociação, o que pressupõe uma outra atitude, relativamente à atividade bélica, mas que não foi suficiente para conter os novos confrontos que se irão manter no reinado do seu filho, Amar-Sin. Este conseguiu conter os confrontos do Zagros e teve um reinado bastante pacífico, unificado e com grande influência nas potências vizinhas. O sucessor de Amar-Sin foi Shu-Sin que construiu uma linha contínua de defesa, o Muro de Amurru.
O último rei de Ur é Ibbi-Sin, que não vai conseguir enfrentar a agitação crescente do Elam, e com ele cai Ur. Ibbi-Sin pode ser considerado o último rei sumério, já que com ele desaparecem da História os Sumérios e a língua suméria, que já só ainda era utlizada, por ser a língua oficial do império, mas que já não era uma língua falada
Hammurabi anuncia o Antigo Império Babilónico a vai mudar o rumo da História, segundo Josep Padró[8] 
Hammurabi conquista Isin e Uruk após a batalha contra o rei de Larsa, Rim-Sin em 1786 a.C.. Em 1783 a.C. dirige-se para leste do Tigre e para norte do país de Akkad em 1782, aproveitando as lutas do rei de Assur.
Como consequência do desmembramento do Império Assírio e a crescente expansão e importância da Babilónia, constituíram-se duas coligações na Mesopotâmia, uma agrupando os países do Tigre, e outra os do Eufrates, desde a Babilónia a Alepo. A guerra estala entre os estados e a Babilónia sai vitoriosa, e inicia uma campanha militar que termina com a conquista de Mari. O seu reinado, não foi pacífico nem durante as guerras, nem após a anexação dos vários estados. Para além da consolidação do poder através de grandes feitos militares, Hammurabi também centralizou o poder de forma hábil e estratégica, tendo sido um grande legislador.
O último rei da I dinastia da Babilónia foi Samsuditana. Outros povos, como os cassitas (ao redor de Mari, no Eufrates Médio); os hurritas a oeste, na Síria, começavam expandir-se; e espacialmente, os hititas, serão os próximos senhores dos destinos deste vale. Em 1595, a dinastia Amorita, de Hammurabi, caía nas mãos dos hititas e de mursili I, e com ela, o que restava da grande obra de Hammurabi.





[1] Naquet, P. V- & Bertin, Jacques Atlas Histórico: Da Pré-História Aos Nossos Dias, Lisboa Ed. Círculo dos Leitores.
[2] Parcerisa, J.P. (2003) A Época Arcaica da Suméria e de Akkad. In Grande História Universal, As Grandes Civilizações II (533-549) Alfragide Ed. Ediclube.
[3] Idem.
[4] Idem
[5] Diakov. V & Kovalev, S. História da Antiguidade Oriental. Porto. Ed. Arcádia Limitada
[6]Idem
[7] Parcerisa, J.P. (2003) A Época Arcaica da Suméria e de Akkad. In Grande História Universal, As Grandes Civilizações II (533-549) Alfragide Ed. Ediclube.
[8]Parcerisa, J.P. (2003) A Formação dos Grandes Estados Mesopotâmicos. In Grande História Universal, As Grandes Civilizações II (551- 569) Alfragide Ed. Ediclube.



Assiste a uma animação sobre a Mesopotâmia em:
Grandes Civilizações: Mesopotâmia I
Grandes Civilizações: Mesopotâmia II



Sem comentários:

Enviar um comentário