Civilização Egípcia

A Vale do Nilo
O Egito ocupa o estreito vale do Nilo, rodeado de montanhas a oeste e a leste, este vale não tem mais de quinze a vinte e cinco quilómetros de largura. As montanhas a oeste separam-no do Sahara, conhecido na Antiguidade, como deserto Líbico. Além das montanhas de leste, estende-se a margem do mar Vermelho. No Sul o curso do Nilo era interrompido por cataratas que tornavam a navegação difícil, isolando o Egito dos países meridionais. No Norte, alarga-se, e é rematado pelo delta do Nilo, que antes da mão humana, era uma área inculta e pantanosa. A situação geográfica deste vale beneficiava-o, se compararmos com a Mesopotâmia, e os recursos naturais de ambas as regiões. As montanhas que o acolhem são ricas em granito, basalto e calcário, as de leste e principalmente as da Núbia, contêm jazidas de ouro; no vale crescem essências preciosas, como a tamareira, o tamariz, o sicómoro, cujos troncos serviram para construir embarcações fluviais. O Nilo com o seu sentido SN, desagua no mediterrâneo, principal via do comércio da Antiguidade. Como podemos ver, aqui a agricultura saía mais beneficiada que na Mesopotâmia. Apesar de quase nunca chover, o Egito tinha as cheias do Nilo, que garantiam ao país, a humidade suficiente e um adubo de primeira qualidade. O rio começava a transbordar em meados de julho e inundava todo o vale. A água mantinha-se até novembro, e depois baixava gradualmente. Ao abandonar o vale, a água do Nilo, deixava restos de plantas aquáticas e sais que adubavam a terra. Graças aos aluviões que a cobrem, as colheitas eram excelentes. Para além de todos estes fatores benéficos, as areias e mar protegem o Egito de ataques súbitos, e neste aspeto também está em clara vantagem se compararmos com a situação mesopotâmica.

Uma História Muito Breve do Primeiro Estado do Egito


Dinastias tinitas I e II (c. 3110-2665). Menes (Narmer segundo alguns egiptólogos) e seus sucessores, organizam o reino desenvolvendo a irrigação. Menes será o primeiro faraó após a unificação do Egito. Após Menes, sucedem-lhe Aha, Djer, Uadji, Den (Udimu), Andjib, Semerkhet e Kaa[1].
A segunda dinastia inicia-se com Hotepsekhemui, sucedendo-lhe Ra-neb; Neterimu. Durante o reinado de Sekhemib, o culto de Hórus foi, provavelmente, mudado para Seth, passando este faraó a chamar-se Persibsen. Este acontecimento poderá ter uma razão política, ou de pacificação dos povos do Alto e do Baixo Império, já que Seth era um deus nacional das populações anteriores à unificação, no entanto também é um deus do Sul e ligado a Hórus[2].
A Sekhemib sucedeu-lhe Senzi; Neterka e Neferkare. O último faraó desta dinastia é Khasekhemui, cujo nome significa “aparecimentos de dois poderes”[3], que nos encaminha para períodos de lutas e tensões posteriores à reunificação.
O Império Antigo (c. 2664-2181 a.C.), compreende as III, IV, V VI dinastias e constitui um ciclo histórico na história do Egito, é simultaneamente, o primeiro grande Estado da humanidade. As bases lançadas e desenvolvidas pelas duas primeiras dinastias, consolidam-se nas duas seguintes, iniciando-se uma mudança durante a V, que se acentua, na VI e levará à dissolução do estado chamado Primeiro Período Intermédio
A III dinastia (2664-2615) não apresenta ruturas com a antecedente. O primeiro faraó é Djoser, que vai introduzir na corte o vizir, este cargo é inédito e vai ser ocupado por Imhotep, célebre arquiteto e médico[4].
O sucessor de Djoser, possivelmente, foi Hórus Sekhemkhet, cuja pirâmide foi encontrada em 1951 por Zacaria Goneim[5]. Outro faraó, poderá ter sido Khaba, a quem se atribui a pirâmide em degraus de Zaiuet el-Arian, pois o seu nome aparece nos vasos desta escavação, apesar de não constar das listas reais. O quinto rei é desconhecido e o último será o provável construtor da pirâmide em degraus de Meidum e criador dos postos militares de Elefantina
A IV Dinastia (2614-1502) representa, historicamente, o momento culminante do Antigo Império. Apesar da escassa documentação escrita, temos os monumentos, como testemunho da divinização e sacralização do poder político através do faraó, um deus, como os outros, mas na terra, e a sua corte, seguindo-o de imediato, na grande pirâmide social egípcia que divide em estratos a sociedade egípcia[6]. O Egito mostrou a sua unidade através das pirâmides, para todos poderem ver o seu poder.
O primeiro rei desta dinastia foi Snefru e reinou durante vinte e quatro anos, de acordo com o papiro de Turim[7]. A pedra de Palermo, regista as suas edificações e uma campanha na Núbia donde trouxe sete mil cativos e duzentas mil cabeças de gado, uma expedição contra os thnu (líbios) e a chegada de quarenta navios carregados de madeira de cedro. Construiu duas pirâmides em Dachur e ficou conhecido como um rei de bom caráter. Teve quatro filhos e um deles ficará para sempre imortalizado e ainda hoje podemos visitar a sua última morada, Quéops[8]
Com a sucessão de Quéops, somos confrontados com uma questão complicada. Até agora, ainda não há certezas sobre o sucessor deste faraó e as fontes (Papiro de Westcar; Maneton; inscrição do império médio)[9] apontam para hipóteses diferentes.  No atual estado das investigações, apenas é possível indicar uma sucessão provisória dos faraós desta dinastia, e neste contexto podemos indicar que terá sido Radjedef o sucessor de Quéops. Radjedef mudou a residência de Mênfis para Abu-Roach.
Com Quéfren, a corte volta a Gizé, ou pelo menos, volta a enterrar aí, os seus mortos. O faraó que se segue Miquerinos construiu a sua pirâmide em Gizé. Do seu reinado, herdámos, uma serie de biografias importantes, para o estudo da administração. A lista, dos faraós, termina com Shepsekaf, que abandona a pirâmide e se faz enterrar a sul de Sakara, na Mastade al-Faraum.
V Dinastia (2501-2342). O papiro Westcar refere que os seus três primeiros reis eram descendentes do deus [10]. Agora, o nome de entra, na composição de muitos nomes reais.
Userkaf reinou sete anos. Dele sabemos que, através de doações e fundações, privilegiou nobres da dinastia anterior, dando início a um movimento de descentralização económica, que se transformará, em política.
Sahuré reinou, certamente, 14 anos. Os seus documentos testemunham uma invasão dos líbios, pela fronteira ocidental, e dos asiáticos, pela fronteira oriental. Kakai foi o seu sucessor. A lista de Sakara indica-nos como sucessor de Kakai, Shepseskaré, mas este não consta da biografia de Ptahshepses.[11]
Neferefré, construtor de um templo solar, sucedeu a Niuserré que ficou conhecido como “esmagador de todos os estados”. Segue-se Menkauhor e depois Djedkaré Isesi que governou durante trinta anos. O último faraó da dinastia foi Unas cuja política desconhecemos.
VI Dinastia (2341-2181) Teti foi o primeiro faraó e sabemos que legitimou o seu direito ao trono através do casamento com Iput, filha de Unas. A Teti sucedeu Userkaré, que teve um reinado breve, sendo seguido de Pepi I. A personagem mais marcante deste reinado foi Hirkuf, governador do sul.
Durante o governo de Pepi II assistimos a uma decadência do Estado, que acabou por conduzir à sua destruição. As memórias deste faraó são tristes e satíricas. Os faraós, desta dinastia, que lhe seguem não têm significado histórico. E assim termina o primeiro Estado organizado, dando início ao que chamamos de Primeiro Período Intermédio, que decorre durante as VII e a primeira parte da XI. Essencialmente trata-se, da liquidação das estruturas características do Império Antigo, e a lenta formação de outras, que atingirão o seu apogeu durante o Império Médio.





[1] Presedo, F. J. (2003) Egito: O Império Antigo. In Grande História Universal, As Grandes Civilizações II (599- 631) Alfragide Ed. Ediclube.
[2] Idem
[3] Presedo, F. J. (2003) Egito: O Império Antigo. In Grande História Universal, As Grandes Civilizações II (599- 631) Alfragide Ed. Ediclube.
[4] Idem
[5] Diakov. V & Kovalev, S. História da Antiguidade Oriental. Porto. Ed. Arcádia Limitada
[6] Presedo, F. J. (2003) Egito: O Império Antigo. In Grande História Universal, As Grandes Civilizações II (599- 631) Alfragide Ed. Ediclube.
[7] Idem
[8] Presedo, F. J. (2003) Egito: O Império Antigo. In Grande História Universal, As Grandes Civilizações II (599- 631) Alfragide Ed. Ediclube.
[9] Idem
[10] Ibidem
[11] Presedo, F. J. (2003) Egito: O Império Antigo. In Grande História Universal, As Grandes Civilizações II (599- 631) Alfragide Ed. Ediclube.



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